quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Gravidez ectópica


O que é uma gravidez ectópica?


Ectópica significa "no lugar errado", portanto é uma gestação que se desenvolve fora do útero. Na maioria dos casos de gravidez ectópica (95 %), a implantação acontece em uma das tubas uterinas (ou trompas de Falópio), e por isso ela também é conhecida como gravidez tubária. Conforme a gravidez se desenvolve, surgem dores e sangramento, e, se a situação não for identificada, a trompa pode se romper, provocando hemorragia interna.

Nesse caso, trata-se de uma emergência que pode ser fatal. Não há como o embrião sobreviver, é impossível transferi-lo para o útero. Ele tem de ser removido. 

Quando ela pode acontecer? 

 

A gravidez ectópica costuma ser observada entre a  4a e a 10a semana de gestação; os sintomas normalmente começam a aparecer cerca de duas semanas depois do atraso menstrual. 

Por que ela acontece?

 

Depois de o óvulo ter sido fertilizado, o zigoto geralmente leva entre quatro e cinco dias para percorrer a trompa até o útero, onde se implanta e começa a se desenvolver. O motivo mais comum de uma gravidez ectópica é uma lesão na tuba uterina, que bloqueia ou estreita a passagem do óvulo fertilizado. Com isso, ele se implanta na parede da tuba.

Quem corre risco? 

 

A gravidez ectópica pode acontecer com qualquer mulher, mas certas circunstâncias fazem com que a probabilidade aumente. Entre elas estão:

• Se você já teve doença inflamatória pélvica (causada com mais freqüência pela infecção sexualmente transmissível por clamídia), já que ela pode deixar lesões e cicatrizes nas tubas uterinas. Os médicos encontram sinais de doença inflamatória pélvica em cerca de metade das gestações ectópicas que necessitam de cirurgia.

• Se você tem endometriose tubária. Você pode ser mais propensa porque ela aumenta o risco de cicatrizes e aderências nas trompas.

• Se você já foi submetida a qualquer cirurgia abdominal, incluindo retirada do apêndice, cesariana ou operações nas trompas, como o religamento para a recuperação da fertilidade. 

• Se você tiver engravidado por fertilização in vitro (FIV), você deve fazer um ultra-som logo no começo da gravidez para verificar onde o embrião se implantou.

• Se você usa um DIU que libera progesterona ou se estava tomando a pílula de progesterona conhecida como minipílula ou pílula de amamentação. Estudos associaram os dois métodos a uma pequena elevação da ocorrência de gravidez ectópica. 
• Se você é fumante.

• Se você já teve uma gravidez ectópica,  seu risco passa de 1%  para 10%.

O risco de gestação ectópica aumenta conforme a idade. 

Quais são os sintomas? 

 

Pode ser difícil reconhecer uma gravidez ectópica, já que os primeiros sinais são parecidos com os que normalmente são associados à chegada da menstruação ou a uma ameaça de aborto, como cólicas e pequeno sangramento.

Vários sinais, no entanto, podem ajudar a identificar uma gravidez ectópica, entre eles: 

• Sangramento vaginal incomum. O sangue muitas vezes é diferente do da menstruação normal,  pode ser mais intenso ou menos intenso, talvez mais escuro que o normal e mais aguado.

• Dor forte e persistente em um dos lados do abdome é um sintoma comum. Se você sentir esse tipo de dor e existir a possibilidade de estar grávida, deve ir ao médico.

Se a gravidez ectópica não for diagnosticada logo, e a tuba uterina for dilatada pelo embrião até o ponto de se romper, você pode apresentar os seguintes sintomas: 
• Dor súbita e forte que vai se espalhando pelo abdome.

• Transpiração, tontura ou sensação de desmaio, diarréia ou sangue nas fezes.

• Desmaio ou choque em consequência de grave hemorragia interna.

• Dor no ombro. Isso pode acontecer se uma hemorragia interna estiver irritando outros órgãos do corpo, como o diafragma. 

O que fazer? 

 

Se você sentir qualquer um desses sintomas, vá imediatamente ao médico ou ao hospital. Se a trompa tiver rompido, você será levada imediatamente para a sala de cirurgia, mas na maioria dos casos as gestações ectópicas são diagnosticadas cedo e á possível fazer exames para, se necessário, programar a cirurgia. Você deve ser submetida a um ultra-som intravaginal para localizar a implantação, e a exames de sangue para detectar o nível do hormônio gonadotrofina coriônica (hCG). O resultado mostrará se você está grávida e se os níveis de hCG estão abaixo do normal, o que é sinal de gravidez ectópica. Às vezes o ultra-som não é conclusivo, e você pode ter de fazer outro em alguns dias. A observação seriada do hCG, ou seja, dois exames de sangue com intervalo de 48 horas, é uma boa indicação: se o nível do hormônio não aumentar 66%  em 48 horas, a possibilidade de ser uma gestação ectópica é de 85%. Outra indicação é que, com nível de hCG acima de 2000 mui/ml, o saco gestacional deve ser visível no útero pelo ultra-som.
 Se os médicos suspeitarem de gravidez ectópica mas ela não tiver sido confirmada pelo ultra-som, você pode ser submetida a um exame laparoscópico. Nele, uma pequena câmera é inserida em seu abdome através de um corte pequeno, a fim de verificar suas tubas uterinas. 

Qual é o tratamento? 

 

Se a gestação ectópica for diagnosticada, o cirurgião pode usar a laparoscopia para remover a gravidez, mantendo a tuba intacta se ela puder ser recuperada. A laparoscopia é mais vantajosa em relação à cirurgia abdominal, porque é uma operação mais rápida, com perda menor de sangue, menos analgesia e tempo menor de internação. 
Se a trompa tiver se rompido, os médicos costumam recomendar a cirurgia abdominal, porque ela é o meio mais ágil de conter a perda de sangue. Em alguns casos uma transfusão de sangue pode ser necessária.

O que determina se a tuba será totalmente retirada ou não é a extensão da lesão na trompa, a saúde de sua outra tuba e seu desejo de engravidar novamente. 
Numa pequena porcentagem de mulheres, geralmente quando a trompa foi poupada (cerca de 4%  em cirurgias por laparoscopia e 8 % em cirurgias abertas), a gravidez continua a se desenvolver e é necessário um tratamento com a droga metotrexato, que interrompe a gravidez, ou uma nova cirurgia para removê-la.

O metotrexato também pode ser usado para tratar a gestação ectópica no lugar da cirurgia. O tratamento é mais eficaz quando a gravidez é bem recente, e os níveis de hormônio ainda estão baixos. Ele pode ser adotado quando não há sangramento e a trompa não se rompeu. A gravidez termina e o material embrionário é reabsorvido pela mulher, que apresentará sangramento por algumas semanas. 
Em alguns casos, quando a gravidez ectópica é identificada logo, mas sua localização exata ainda não foi descoberta, os médicos podem adotar a estratégia de esperar para ver o que acontece sem tratamento. Muitas gestações ectópicas evoluem para um aborto espontâneo, especialmente quando não há sinais de saco vitelino e os níveis do hormônio da gravidez são bem baixos. Nesses casos, a simples observação da evolução evita a cirurgia enquanto não ficar claro que ela é absolutamente necessária. Em cerca de 25 % dos casos a cirurgia acaba acontecendo. 

Minha fertilidade será afetada? 

 

A resposta é sim, provavelmente.

Se suas trompas não tiverem sido danificadas pela gravidez ectópica, suas chances de voltar a engravidar continuam iguais. Se uma das tubas tiver se rompido ou tiver sofrido lesões extensas, sua chance de engravidar de novo diminui, especialmente se a outra trompa estiver comprometida pela doença inflamatória pélvica ou pela endometriose. 

Cerca de 65 % das mulheres engravidam de novo até um ano e meio depois de uma gestação ectópica, mas, se suas duas trompas tiverem se rompido ou apresentarem lesões, talvez você tenha que pensar na possibilidade de uma fertilização in vitro (FIV). 

Quais são as chances de ter outra gravidez ectópica? 

 

O risco de ter outra é de 10 a 15 %. É difícil fazer generalizações sobre o risco, porém, devido às diferenças entre as circunstâncias de cada pessoa e entre a extensão das lesões.

É aconselhável marcar uma consulta com seu médico e pedir orientações claras sobre suas gestações futuras.

Não há muita coisa que se possa fazer para evitar uma nova gravidez ectópica. Se seu caso tiver sido causado por uma infecção por clamídia, no entanto, você pode tomar antibióticos para tratá-la e evitar novos danos a suas trompas.

Quando você engravidar de novo, vá ao médico assim que puder. Você deve ser submetida a um ultra-som para verificar se a gravidez está se desenvolvendo no lugar certo. 

Quanto tempo tenho de esperar para tentar de novo?

 

Mulheres que foram submetidas a uma laparoscopia normalmente têm de esperar entre três e quatro meses para tentar engravidar de novo. Se você sofreu uma cirurgia abdominal, é melhor esperar seis meses para que haja a cicatrização completa.
Beijos à todas,
Raquel  do  Valle



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