quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Gravidez livre de incômodos - e de remédios!

Adotando as medidas certas no tempo adequado, é possível passar ilesa pelo período gestacional.

 Nem só de sapatinhos coloridos é feita a vida das futuras mamães. Durante nove meses, é preciso enfrentar, além da ansiedade, as alterações hormonais do próprio corpo. Dores de cabeça, dores nas costas, enjoos e constipação são alguns dos desconfortos mais comuns na gravidez. Conversamos com três especialistas sobre a tarefa árdua de passar por tudo isso evitando o uso de medicamentos.

A primeira coisa que uma grávida deve saber é que os órgãos do bebê se formam durante as primeiras 12 semanas de gestação. Nesse período – chamado de embriogênese –, o fígado do feto ainda é imaturo para assimilar remédios ingeridos pela mãe. Além disso, as células jovens estão em constante divisão. A ingestão de certas substâncias pode causar malformações, abortamentos, crescimento deficiente e problemas funcionais.

“A fragilidade cromossômica no primeiro trimestre de vida fetal é tamanha que o uso de remédios pode contribuir para o desenvolvimento de câncer na idade adulta”, explica a obstetra Marisa Teresinha Patriarca. Por outro lado, se algum medicamento for muito necessário, cabe ao médico fazer uma avaliação de riscos para a mãe e a criança. Eventualmente, alguns fármacos devem ser receitados para evitar que certas doenças evoluam para quadros mais graves.

A professora Rosiane Mattar, do departamento de obstetrícia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), sugere algumas medidas que podem eliminar a necessidade de tomar remédios.

Náuseas: Elas ocorrem em função do aumento de hormônios da gravidez. Persistem até a 14ª semana, momento em que os níveis hormonais estabilizam. Para amenizá-las, a mulher deve comer algo gelado e azedo (como uma maçã verde) antes de se levantar, tomar café antes de escovar os dentes e fracionar as refeições, comendo algo a cada duas horas.

Dores de cabeça: As mais comuns são as cefaleias provocada por tensão. Uma refeição leve, seguida de um bom banho morno e descanso, costuma resolver.

Dores nas costas: Fazer atividades físicas regulares e controlar o ganho de peso desde o começo da gravidez são medidas que previnem o desconforto lombar. Alongamento e natação são os exercícios mais indicados. Fisioterapia e acupuntura costumam minimizar as dores das gestantes e não oferecem riscos para a saúde.

Instestino preso: A gravidez é um evento que provoca, com frequência, a obstipação intestinal. Além de causar mau humor, o intestino preguiçoso pode acarretar o surgimento de hemorroidas. A alimentação das grávidas deve ser rica em fibras. Ingerir uma grande quantidade de líquidos é igualmente importante e os resultados são ainda melhores quando aliam dieta e atividade física. Sucos de mamão, laranja e ameixa preta são laxantes naturais. O café da manhã deve ser incrementado com alimentos integrais, como o farelo de trigo, a linhaça e sementes em geral.

Inchaço: Muitas grávidas sofrem com o inchaço causado pela retenção de líquidos, mas os diuréticos são contraindicados. O uso deve ser restrito a pacientes com alguma patologia cardíaca ou renal. A saída é fazer caminhadas ou exercícios em piscina, pois a pressão da água sobre os membros inferiores ajuda a circulação do sangue e melhora o inchaço. A drenagem linfática também garante a sensação de bem-estar.

Ansiedade: Para lidar com o problema, o melhor é tentar soluções alternativas aos calmantes e aos antidepressivos, cujos efeitos sobre a mãe e o bebê ainda são pouco conhecidos pela ciência. A prática de atividade física moderada aliada ao apoio psicológico pode amenizar o nervosismo.


Precauções adicionais

De acordo com o professor de obstetrícia Marco Antonio Borges Lopes, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, mesmo os medicamentos naturais podem ser perigosos, pois possuem substâncias cujas reações não foram estudadas em gestantes. Para Marco Antonio, o perigo mora ao lado: remédios de fácil acesso – que usamos corriqueiramente – podem causar danos irreversíveis. É o caso dos anti-inflamatórios não hormonais (ácido acetilsalicílico, diclofenaco, indometacina): eles afetam o canal arterial do bebê, o que pode fazer com que o coração “se feche” ainda durante a vida fetal.

Pele protegida “O uso de fotoprotetores UVA e UVB durante a gravidez (FPS até 30) é importantíssimo para evitar manchas, principalmente as faciais”, afirma a doutora Marisa Patriarca. “As gestantes têm mais suscetibilidade à pigmentação. Costumo brincar que mancham até com luz de vela!” A palavra-chave para futuras mamães é prevenção. Medidas simples, adotadas no momento certo, proporcionam uma gestação mais saudável e livre de ameaças químicas.

Bjs,


Raquel  do  Valle


terça-feira, 13 de setembro de 2011

Pressão alta na gravidez .

Primeira causa de morte materna no país, o problema acaba de virar alvo de discussão no VI Congresso Paulista de Obstetrícia e Ginecologia. O site do Bebê esteve presente e alerta as gestantes sobre as estratégias de prevenção e tratamento, seguem as dicas:






Para que não haja confusão, primeiramente é necessário distinguir a doença hipertensiva específica da gestação do problema crônico, que acomete o indivíduo em qualquer fase da vida. Trata-se de um quadro bastante peculiar, cujas causas ainda não foram completamente elucidadas pela ciência, embora os especialistas suspeitem de que alterações na placenta estejam por trás da disfunção. A complicação, mais conhecida como pré-eclâmpsia e que afeta cerca de 5% a 10% das mulheres grávidas, costuma dar as caras a partir da 20ª semana de gestação. Quando a pressão sobe antes disso, provavelmente se trata de um quadro hipertensivo crônico, com características diferentes da enfermidade relacionada à gravidez. De acordo com Marcelo Zugaib, professor titular de ginecologia e obstetrícia da Universidade de São Paulo, a má notícia é confirmada quando a pressão nas alturas, igual ou superior a 16 por 10, vem acompanhada de inchaço generalizado-- normalmente mais evidente nas mãos, no rosto e no aumento de peso—e de proteinúria, perda excessiva de proteínas, detectada por meio da análise de uma amostra de urina. “Distúrbios cerebrais ou visuais, edema pulmonar, disfunção hepática, restrição do crescimento do feto e redução de plaquetas, as células sanguíneas responsáveis pela coagulação, também podem ocorrer na presença da doença”, afirma Zugaib. Todo esse critério diagnóstico é importante não só para diferenciar a hipertensão comum da pré-eclâmpsia como para determinar a abordagem terapêutica, que varia de acordo com a gravidade da situação. As intervenções são fundamentais para prevenir um parto prematuro e o quadro de eclampsia propriamente dito, que induz crises convulsivas, representando um alto risco de morte para a mãe e para a criança.

Alto risco, atenção redobrada
Embora seja impossível prever se uma mulher irá desenvolver pré-eclâmpsia na segunda metade da gravidez, alguns fatores dão pistas de que ela apresenta uma maior probabilidade. E mensurar esse risco é importante para se antecipar ao problema e investir em estratégias preventivas. “Histórico familiar de pré-eclâmpsia ou ocorrência da disfunção em gestação anterior, reprodução assistida, gravidez de gêmeos, obesidade, idade superior a 40 anos, resistência à insulina, diabete, hipertensão, artrite reumatoide, lúpus, doença vascular ou renal e pressão diastólica—a mínima—acima de 8, no primeiro trimestre de gravidez, acendem o sinal amarelo para o distúrbio”, enumera a obstetra Rossana Pulcineli , da Universidade de São Paulo. Nesses casos, segundo ela, é prudente reduzir o sal na dieta. Isso porque ele é rico em sódio que, por sua vez, promove a retenção de líquido no corpo. E quanto maior o volume circulando nas artérias, maior a pressão exercida ali.

Os estágios da pré-eclâmpsia
Uma vez diagnosticada a doença e determinada a sua gravidade, o obstetra definirá a conduta terapêutica mais adequada. Casos de agravamento do quadro, classificados como HELLP síndrome ou iminência de eclâmpsia, requerem acompanhamento mais rigoroso, com exames e monitoramento do feto mais frequentes. Essa avaliação periódica é fundamental para detectar casos de urgência, que necessitam de internação da paciente, e para adiar, o máximo possível, o momento do parto, sempre considerando os danos promovidos pela doença ao feto e à gestante e os riscos de um parto prematuro. Enquanto nas manifestações mais leves a gravidez pode durar o tempo natural de até 40 semanas, nos episódios mais severos pode ser necessário realizar o parto na 37ª ou até na 34ª semana. Tudo dependerá da vitalidade do bebê e da saúde da mãe.

O tratamento
Além do controle periódico da pressão, do monitoramento de eventuais complicações maternas, e da vigilância do bem-estar fetal, é importante rever os exames já realizados e submeter a paciente a avaliações clínicas e nutricionais periódicas. “Costumamos recomendar um cardápio pobre em sal, repouso e sedação, com medicamentos da classe dos benzodiazepínicos ou dos neurolépticos, que diminuem a pressão arterial”, explica Rossana.
Segundo a médica, se a mínima continuar igual ou superior a 10, é preciso introduzir um remédio hipotensor, com a expectativa de que haja de 20% a 30% de redução. Quando o tratamento não surte o efeito desejado, ainda existe a possibilidade de tentar outras duas combinações medicamentosas, com princípios ativos que não atravessam a placenta, não promovem malformações e interferem pouco no crescimento fetal.



Bjs à todos,


Raquel  do  Valle