segunda-feira, 9 de maio de 2011

Aprenda a lidar com o choro do bebê.

Domine a angústia e preste atenção em todos os sinais da expressão do seu filho.

Dona Áurea teve sete filhos em uma época em que ter babá era para poucos. Além deles, ajudou a criar mais 20 netos e três bisnetos. A cada novo membro da família a pergunta se repetia: como reconhecer se o bebê chorava de fome, de cólica ou de frio? “Foi assim com as minhas noras e é assim com as minhas netas quando têm filhos: elas me ligam, perguntam o que fazer e se posso ouvir o choro da criança ao fundo”, conta. “Em geral, eu acerto o motivo”.


Durante muitos meses, o choro é a única forma do bebê expressar como se sente: com sono? Com fome? Com frio? Com calor? Incomodado com a fralda suja? Como a fase dura um bom tempo, a mãe terá muitas chances de aprender a interpretar cada tipo de choro do bebê. “Não tem segredo, é só ouvir o instinto materno, ter um pouquinho de paciência e logo se ganha a experiência”, confirma Áurea Torres, mãe de sete e bisavó de três.

A prática da bisavó confirma a opinião dos especialistas: conhecimento e paciência formam a dupla necessária não só para entender a origem das lágrimas dos bebês, mas também para compreendê-las. “Cada criança é diferente da outra”, explica o puericulturista Celso Eduardo Olivier. “A mãe precisa aprender com a experiência”.

“Como cuido de muitas crianças diferentes, costumo analisar primeiramente três coisas básicas: se é hora de mamar, se ele está sujo ou com cólicas”, relata Rosa Maria das Neves, que trabalha em um berçário há 20 anos. Segundo ela, raras vezes o motivo foge dessa lista. Mas acontece.


É manha?
A “manha” começa perto de um ano, quando a criança percebe que pode manipular a situação. “Antes disso, mesmo quando ela só quer colo, considero mais uma insegurança, não manha”, explica Rosa.
Uma das grandes preocupações de toda mãe é evitar que a criança aprenda a usar o choro para impor sua vontade. Quando é necessário deixar a criança chorar e quando se deve atendê-la? A resposta, de acordo com os especialistas, é simples. “Quando a criança é muito pequena, não pode se sentir desamparada. Ela se sente assim quando chora e não é atendida”, afirma Claudia Batista, psicóloga especializada em família.
Conforme a criança se desenvolve, a tempestade vai passando. “A criança aprende que a situação incômoda vai ser resolvida e não há necessidade de chorar ainda mais”, explica a neonatologista Celia Giovanni, do Hospital Santa Joana, de São Paulo. “Quando cresce, fica menos chorosa”.

De primeira viagem

Entre mães de primeira viagem, o choro do bebê costuma causar mais angústia. Para aliviar a aflição, as netas de Áurea buscam a sabedoria da avó – principalmente nos primeiros dias do bebê em casa. Mas não existe uma fórmula. “Tem de prestar atenção e, em questão de dias, você já sabe mais ou menos do que seu filho precisa”, afirma ela.

A angústia da mãe é considerada natural, se não for em demasia. Mas ela precisa aprender a dominar este sentimento. “Se não for controlada, a angústia pode prejudicar a relação entre mãe e filho”, ressalta o puericulturista Olivier. Claudia concorda: “Quando a mãe coloca o bebê no berço e ele não quer ficar lá, ele chora. A mãe vai ficar um pouco aflita no início, mas em alguns dias o sentimento passa – e a choradeira também”.

Sinais de alerta
O choro pode ser um bom termômetro para avaliar a saúde da criança. “É preciso observar o conforto, o bem-estar. Se o choro é consolável, ele é natural, inerente a uma situação. No entanto, se a criança não está suja, nem com fome, nem com cólica, é preciso ficar atenta à sua temperatura ou a sua pele”, explica a neonatologista Celia. Para qualquer alteração nesse sentido, o melhor é ligar para o pediatra ou levar para um exame.

Apesar de a reclamação mais comum ser relacionada ao choro em excesso, a falta de lágrimas também pode incomodar muitas mães. Natália Viandre é mãe de Vinicius, hoje com seis anos. O menino, no primeiro ano de vida, chorou apenas quando tomou vacina. “Eu estranhava muito, porque ele quase não chorava. Quando estava com fome, ele resmungava um pouquinho, baixinho. Cheguei a ficar preocupada”, relata.

A falta do choro pode mesmo ser um problema. “Quando a criança não se manifesta dessa forma, é preciso ficar atento a outros aspectos clínicos: se ela mama bem, se é ativa, se abre os olhos para olhar as coisas ao redor e se segura a mão da mãe”, recomenda Celia.

Bjs à todas,


Raquel  do  Valle

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