quarta-feira, 2 de março de 2011

Problemas de circulação com a gravidez.

O que inchaços, sangramento da gengiva, tontura e varizes têm em comum? Se você acha que nada, pense de novo. Esses e muitos outros desconfortos que aparecem durante a gestação costumam estar associados às deficiências circulatórias típicas do período. Até o final da gravidez, seu corpo vai trabalhar com 1,5 litro a mais de sangue – quase um terço além do volume normal de um adulto, que é de 5 litros –, e é nesse aumento que se originam vários dos problemas diretos e indiretos de circulação. Para dar conta desse volume extra, o coração acelera, bombeando o sangue com mais força para as veias, o que agride a parede dos vasos.

Mas não é só. Com o crescimento do útero, a veia cava inferior, responsável por devolver o sangue ao coração para ser renovado, fica comprimida, prejudicando a circulação nas extremidades. Também o diafragma é levemente empurrado para o alto, diminuindo a capacidade pulmonar. Entre as alterações hormonais que interferem na boa circulação na gravidez, a liberação excessiva de progesterona, por exemplo, provoca a dilatação das veias, enfraquecendo seu poder de impulsionar o sangue.

O resultado dessa combinação pode ser um verdadeiro “congestionamento” de sangue, oxigenação deficiente e prejuízos para as veias. Portanto, previna-se desde já. Eliminar do cardápio alimentos ricos em sódio, aumentar o consumo de fibras e de água, exercitar-se e evitar longos períodos na mesma posição são mudanças de hábito bem-vindas.




Edemas

Inchaços, principalmente nos tornozelos, pés e punhos, tornam-se mais freqüentes a partir do segundo semestre de gestação. O aumento da pressão sobre a veia cava e a retenção de líquidos são os principais vilões.

O QUE AJUDA

• Diminua o consumo de sal e de alimentos ricos em sódio, como enlatados, azeitonas e queijos amarelos. Refrigerantes também possuem muito sódio e devem ficar fora do cardápio.
• Para facilitar a eliminação de toxinas, beba pelo menos 1,5 litro de água por dia.
• Aposte na drenagem linfática manual, sob supervisão médica, para diminuir a retenção de líquidos e ativar a circulação.
• Alivie a sensação de cansaço e dor com exercícios de alongamento e rotação de punhos e tornozelos.
• Um escalda-pés com água morna estimula o retorno venoso. Para obter um nível de pressão adequado, escolha um recipiente alto, como um balde, e encha-o até a metade.
• Escolha cuidadosamente os sapatos. Os modelos com salto tipo anabela, não muito altos, são os melhores. Eles projetam o corpo para a frente, ajudando a corrigir a postura, e distribuem o peso na planta dos pés, facilitando a circulação.
• Batidinhas dos pés contra o chão, como se acompanhasse uma música, é outro modo de favorecer o retorno sanguíneo.

Varizes

Mais dilatadas, as veias podem sofrer deformações e ficar salientes. Essa dilatação também aumenta a sensibilidade da pele.

O QUE AJUDA

• Evite ficar na mesma posição por muito tempo. Se você trabalha o dia inteiro sentada, procure levantar e caminhar um pouco a cada 30 ou 45 minutos – uma voltinha pelo corredor já ajuda o sangue a circular melhor.
• Use meias elásticas de média compressão ou de acordo com a prescrição do seu médico. O ideal é colocá-las ainda deitada, quando acordar pela manhã, e retirá-las apenas à noite, na hora de dormir. Ao tomar banho ou se exercitar durante o dia, antes de recolocar a meia, deite-se de 15 a 20 minutos, com as pernas ligeiramente elevadas.
• Aposte em atividades físicas com acompanhamento especializado para gestantes, como caminhada, hidroginástica, ioga e tai chi chuan. Elas promovem a contração dos músculos, exercendo pressão sobre os vasos e facilitando o retorno do sangue.
• Ao deitar ou enquanto estiver sentada, mantenha as pernas no nível mais elevado possível.

Falta de ar, taquicardia, tonturas

As alterações circulatórias aumentam os riscos de queda de pressão e podem levar a rápidos episódios de diminuição da irrigação sanguínea do cérebro, desencadeando esse tipo de sintoma.

O QUE AJUDA

• Em qualquer um desses casos, deite-se sobre o lado esquerdo do corpo, para não pressionar a veia cava, e relaxe por alguns momentos. Se não for possível deitar, sente com as pernas abertas e abaixe a cabeça ao máximo enquanto respira calma e profundamente, para ativar a oxigenação cerebral.
• Colocar uma pitadinha de sal sob a língua é um truque antigo, mas que funciona quando há uma queda súbita de pressão. Mas só use esse recurso se tiver certeza absoluta de que a pressão não está alta.
• Evite jejuns prolongados e fracione as refeições ao longo do dia. O ideal é comer pequenas porções a cada duas ou três horas. Assim, você evita que o estômago, cheio demais, pressione outros órgãos e que o organismo precise concentrar uma grande quantidade de sangue no sistema digestório para dar conta do excesso de comida.
• Usar roupas leves e ficar em ambientes bem arejados ajuda a manter a temperatura corporal, evitando acelerações cardíacas.
• Passe longe das bebidas alcoólicas e do cigarro. A duplinha, além de fazer mal ao bebê, provoca alterações sérias na circulação, como o aumento da pressão do sangue contra os vasos.

Hemorróidas

A compressão da veia cava causa um represamento do sangue na região anal. Esse problema, associado a dificuldades de evacuação, pode ocasionar dores e inflamação local.

O QUE AJUDA

• Siga uma dieta bem equilibrada e aumente o consumo de alimentos ricos em fibras, como pães e cereais integrais, frutas, legumes e verduras. Eles ativam o funcionamento intestinal, prevenindo a prisão de ventre. Se não resolver, peça a seu médico a indicação de um suplemento de fibras.
• Durante uma crise de irritação local, evite o uso de papel higiênico. Depois de evacuar, lave a região e seque comprimindo uma toalha de algodão macia contra a pele.
• Respeite sua necessidade de evacuar e vá ao banheiro, imediatamente, sempre que sentir vontade. No entanto, fique pouco tempo sentada no vaso.
• Tome banhos de assento com água morna para amenizar o desconforto.

Sangramento de gengiva

É normal as gengivas incharem na gravidez e ficarem propensas a sangramentos, principalmente se, na escovação, você causar alguma lesão local. Caso o problema seja constante, comente o fato com o seu médico. Essa fragilidade pode ser conseqüência da falta de vitamina C.

O QUE AJUDA

• Os cuidados com a higiene bucal devem ser redobrados. Opte por uma escova macia e lembre-se: para uma higiene eficaz, o tempo de escovação é mais importante do que a pressão.
• Substitua o fio dental por fita dental, que é um pouco mais fina.
• Ao longo do dia, consuma de três a cinco porções de frutas e certifique-se de que pelo menos uma delas seja rica em vitamina C. Goiaba, laranja, acerola, caju, mamão e manga são fontes importantes desse nutriente.

CASOS ESPECIAIS

Embora os exames que investigam a capacidade circulatória da grávida não façam parte da rotina do pré-natal, há situações em que eles são recomendáveis. Problemas como obesidade, hipertensão e antecedentes de trombose ou varizes na família são bons motivos para uma investigação mais aprofundada. “Mulheres com esses problemas devem fazer um ultra-som com dopplerfluxometria nos membros inferiores. O exame acompanha o fluxo do sangue nos vasos desde os quadris até os pés, identificando qualquer obstrução”, explica o ginecologista e obstetra Jorge Banduki Neto. Não é consenso entre os médicos, mas muitos especialistas recomendam essa análise também para mulheres que usaram anticoncepcionais durante longos períodos. “Essa corrente acredita que o acúmulo desses hormônios no sangue pode fragilizar as veias, aumentando o risco de rompimentos”, alerta o médico.

É RISCO PARA O BEBÊ

Embora a hipertensão seja a principal causa de alterações na placenta – o órgão que leva nutrientes e oxigênio ao feto –, deficiências circulatórias podem estar associadas a complicações sérias, como o descolamento ou a calcificação precoce da placenta. A calcificação, ou envelhecimento, da placenta impede a nutrição adequada do feto. O médico pode desconfiar do problema quando o bebê está abaixo das medidas esperadas e pedir ultra-som com dopplerfluxometria, exame que irá avaliar o fluxo de sangue para a placenta. “Já o descolamento é um quadro de urgência. Seus sintomas são endurecimento do útero, dores abdominais fortes e sangramento intenso. É preciso procurar o médico ou o hospital imediatamente”, alerta o obstetra Jorge Banduki Neto.


 Bjs à todas,



Raquel  do  Valle

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