quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Bem-estar e saúde no pós-parto




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Verdade: gravidez não é doença. Mas traz tantas modificações para o organismo que algum efeito indesejado pode surgir. Conheça os mais comuns e como tratá-los

A maratona de cuidar do filhote não deve ser motivo para você deixar a saúde de lado. “Depois do parto, toda mulher deve passar, no mínimo, por duas avaliações com o obstetra: entre o sétimo e o décimo dia após a saída da maternidade e 40 dias mais tarde”, lembra o médico Eduardo Souza, coordenador científico de ginecologia e obstetrícia do Hospital São Luiz – Anália Franco, em São Paulo.

Nessas consultas, o médico vai procurar sinais de infecção, avaliar como seu organismo está se readaptando, se é hora de retomar a vida sexual e quais os contraceptivos mais indicados. Aproveite para comentar sobre eventuais desconfortos. Eles podem ser o primeiro indício de distúrbios e, quanto antes forem diagnosticados, mais rapidamente serão curados.“Quem teve problemas como pré-eclâmpsia e diabetes gestacional precisa de atenção especial. Embora desapareçam com o parto, esses distúrbios podem deixar sequelas, como o risco aumentado de desenvolver diabetes no futuro ou lesões imperceptíveis em rins e olhos, devido à elevação de pressão”, alerta o obstetra Roberto A.D. Cardoso, chefe do setor de medicina fetal do Femme Laboratório da Mulher, em São Paulo.

Uma tristeza sem fim
Choro fácil, apatia, ansiedade, medo e aversão ao bebê podem ser sintomas de depressão pós-parto

Quem corre mais riscos
Mulheres que já sofriam de depressão estão mais sujeitas. Mas não precisa se preocupar se você anda meio manteiga derretida desde que seu filho nasceu. De acordo com Souza, de 20% a 30% das mulheres passam por um período de melancolia depois de dar à luz. “É o baby blues, quadro passageiro que tem como causas a insegurança por não saber cuidar do bebê, as mudanças da rotina e a aflição de voltar logo à forma antiga”, diz o médico.

O que fazer
A depressão tem que ser tratada por psiquiatra e, na maioria das vezes, exige o uso de antidepressivos. Não esconda os sintomas do seu médico e comente com ele qualquer alteração de humor.

Ai, minhas costas!
Dores agudas na coluna e dificuldade de encontrar posição para dormir alertam para lombalgia.

 Quem corre mais riscos
Você se torna candidata ao problema quando engorda demais na gravidez, já sofre de desvios de coluna ou adota posturas incorretas para sentar, amamentar, dormir e abaixar. A lombalgia atinge quase 80% das grávidas e persiste em 5% delas após o parto. Ela se instala porque o peso da barriga altera o eixo de gravidade do corpo. “Para manter o equilíbrio, a grávida projeta o abdome para a frente e anda com as pernas abertas. Quem engorda demais e tem pouco condicionamento físico tende a conservar essa postura mesmo após dar à luz”, explica o ortopedista Cristiano M. Menezes, de Belo Horizonte.

O que fazer
Além de perder peso, é preciso fortalecer o abdome e reeducar a postura. Um ortopedista pode indicar a melhor técnica – fisioterapia, hidroterapia, pilates e reeducação postural são algumas alternativas.“Usar almofadas próprias para apoiar o bebê ao amamentar e evitar segurá-lo na mesma posição por muito tempo são formas de não agravar a lombalgia”, garante a fisioterapeuta Deise Andriotti Bertante, da clínica Acquaterapia, em São Paulo.

Algo estranho nas mãos
Se você sente formigamento, alterações de sensibilidade ou dores fortes em mãos, pulsos e braços, fique alerta para a síndrome do túnel do carpo.

Quem corre mais riscos
O excesso de peso aumenta a predisposição ao problema, assim como doenças anteriores nas articulações e tendência a edemas.“O túnel do carpo fica na altura do pulso e abriga vários nervos e tendões do antebraço e das mãos, que acabam comprimidos pelo excesso de líquido em circulação na gravidez. É isso que causa as dores”, explica Menezes. Outro agravante é o hormônio relaxina, que aumenta o relaxamento da pelve na hora do parto, mas deixa as articulações mais frouxas e instáveis.

O que fazer
Tudo voltará ao normal quando seu corpo se livrar do excesso de líquido. Até lá, porém,evite segurar peso e aplique compressas geladas para aliviar a dor. “Drenagem linfática, massagens e exercícios leves ajudam”, ensina Souza. Se o desconforto for demais, o ortopedista tem que entrar em cena.

Menos prazer ao transar
A dificuldade para contrair a musculatura da vagina pode ser sinal de afrouxamento do períneo.

 Quem corre mais riscos
Mulheres que já tiveram três ou mais filhos de parto normal ou que precisaram fazer esforço excessivo para expulsar o bebê. “São casos raros. Estudos mostram que 80% das mulheres que se queixam de diminuição do prazer viviam crise de relacionamento antes do parto”, diz Cardoso.

O que fazer
A cirurgia corretiva não funciona e deve ser evitada. “Os exercícios de fortalecimento do períneo são a melhor alternativa”, garante Souza.

Quando tiver filho, sara ...
Há uma crença de que muitas doenças femininas se curam após a gravidez. É daí que vem a expressão: “Quando tiver filho, sara”. Na opinião do ginecologista Eduardo Souza, do Hospital São luiz – Anália Franco, em São Paulo, porém, trata-se de lenda urbana. “O que pode melhorar, de fato, são as cólicas menstruais nas mulheres que fazem parto normal”, diz ele. Isso porque as dores são mais frequentes em quem tem o colo do útero muito fechado, o que dificulta a passagem do fluxo menstrual. “Com o parto normal, ele se alarga e a cólica tende a diminuir.” Ao suspender a menstruação, a gravidez e a amamentação também são tratamentos naturais para a endometriose. Mas o problema tende a voltar após alguns meses.

Intestino preso e dor
Prisão de ventre e dor ou sangramento ao evacuar? Pode desconfiar de hemorroidas.

Quem corre mais riscos
Você é super sedentária, torce o nariz para hortaliças e cereais, quase não bebe água, vive constipada e tem casos de hemorroidas na família? Se respondeu sim para mais de uma dessas características, considere-se candidata. “Os hormônios da gravidez diminuem o ritmo intestinal, inclusive por algum tempo após o parto. E o esforço para evacuar causa dilatação das veias do ânus e do reto, acompanhada de inflamação e hemorragia, as hemorroidas”, explica o ginecologista Luiz Fernando Dale, do Rio de Janeiro.

O que fazer
O tratamento inclui de compressas e medicação local até cirurgia. Mas é fundamental modificar os hábitos alimentares. Beba de 2,5 a 3 litros de água por dia e coma frutas, verduras cruas e grãos integrais. “Em alguns casos, é preciso suplementação de fibras e reeducação intestinal”, diz a endocrinologista Elizangela Valente, do Rio de Janeiro.

Pernas menos lisinhas
Inchaço e fadiga em pernas e pés, além de vasinhos mais ou menos salientes, são sinais de varizes.

Quem corre mais riscos
“O problema tem forte componente genético e a probabilidade aumenta a cada gestação, principalmente quando a mulher é sedentária ou engorda demais”, afirma o cirurgião vascular Zaluar Delboni, do Rio de Janeiro. As mudanças hormonais e o aumento de líquidos alteram a pressão vascular, desencadeando as varizes. “Depois do nascimento do bebê, a causa pode ser a entrada, na circulação, do sangue que estava acumulado no útero”, diz Souza. O fato é que elas atormentam 70% das grávidas e tendem a aparecer depois do parto em 30% das mulheres.

O que fazer
Converse com o obstetra ao identificar varizes de qualquer calibre, pois, às vezes, elas evoluem para trombose. Conforme a gravidade, o médico irá recomendar cirurgia ou tratamentos locais com laser ou medicamentos (escleroterapia). Quadros leves podem ser mantidos estáveis com exercícios moderados, como caminhadas e controle de peso.

Moleeeza (ou agito extra)
Cansaço, sonolência, irritação, unhas fracas, desânimo, prisão de ventre, intolerância ao frio, pele seca e ganho de peso. Ou, inversamente, agitação, emagrecimento súbito e insônia são sinais de tireoidite pós-parto.

Quem corre mais riscos
Mulheres que têm casos de tireoidite na família ou disfunções da tireoide antes da gravidez. Na gestação, a glândula precisa trabalhar dobrado para suprir a mãe e o bebê de hormônio. “A hiperestimulação pode causar alterações imunológicas no pós-parto e desencadear o distúrbio”, explica a endocrinologista Danielle Andreoni, do Ambulatório de Tireoide e Gestação da Universidade Federal de São Paulo. Os sintomas começam cerca de seis meses após o parto. Em geral, há um período de hipertireoidismo (que acelera o metabolismo), seguido de hipotireoidismo (que o torna lento). “Entre os casos de depressão pós-parto, 35% são causados por esse distúrbio”, diz o endocrinologista Tércio Rocha, do Rio de Janeiro

O que fazer
 O tratamento é feito com hormônios.O problema regride em 50% das situações, mas torna-se crônico na outra metade. É aconselhável voltar a tomar o hormônio no caso de nova gravidez.

Bjs em todas e cuidem-se!!!

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